Os desafios podem ser superados
Da escolha do curso ideal até a entrega do diploma, a vida universitária de um autista tem muitos desafios. Para dar continuidade na difícil trajetória que une autismo e educação, o estudante precisa encarar o modelo-padrão de ensino, seja em sala de aula ou online.
Diferente dos ensinos infantil, fundamental e médio, a adaptação dos cursos superiores está longe de um cenário ideal para incluir pessoas com necessidades diferenciadas.
Tanto para o jovem autista quanto para a família e amigos, é importante lembrar que chegar ao ensino superior pode ser bastante estressante. Há a pressão pela aprovação no vestibular e todas questões da transição para a vida adulta. O autista que entra para a universidade ou grau técnico está entrando para lugares da sociedade onde não há uma flexibilidade tão grande sobre quais decisões tomar.
Para facilitar é importante verificar se a instituição possui suporte a alunos com necessidades especiais, escolher um local de estudo que esteja amparado por uma boa estrutura de mobilidade e entender que fatores ambientais ao redor do local poderão causar alterações sensoriais.
Algumas universidades pelo mundo como a Rochester Institute of Technology (RIT), de Nova York, vem desenvolvendo programas interessantes. Isso inclui treinamento de como administrar o tempo, conciliar situações sociais, acessar os serviços de interesse e aprender a autodefesa. Outra inciativa que tem bons resultados é a preparação para alunos autistas antes do início do ano letivo. Assim os novos alunos são apresentados à universidade sem a correria e a efusão do começo das aulas.
Grupos de apoio também são muito importantes e se tornam pontos de referência e mediação. Esses grupos devem fazer a informação circular entre os docentes, promover incentivo ao respeito, sugerir maior flexibilização da grade de ensino e disponibilizar locais com pouca ou nenhuma interferência externa para o aluno estudar.
No Brasil, um desses exemplos o Núcleo de Inclusão e Acessibilidade da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). No Núcleo a universidade promove debates e capacitação para alunos e professores que precisem lidar com os desafios do autismo.
A PUC Paraná também tem um programa voltado aos matriculados com transtorno do espectro autista, transtornos de aprendizagem e déficit de atenção/hiperatividade. É o Serviço de Apoio Psicopedagógico (SEAP). O SEAP oferecem oficinas de comunicação para auxiliar na socialização e apresentação de trabalhos, encontros com psicólogos e programas de desenvolvimento pessoal e acadêmico.
Declarar o diagnóstico é uma escolha pessoal, mas estima-se que há muito mais autistas nas universidades do que os declarados. Somente no Brasil, dos mais de 2 milhões de estudantes, há pouco mais que 1.500 autistas segundo o Censo da Educação Superior de 2018.
Algo que ajuda muito é a participação em clubes temáticos possíveis de participação que a maioria das universidades promove. Esses clubes organizam encontros para debater ou realizar atividades referentes ao tema, sempre de forma bem espontânea. Assim, o estudante autista pode encontrar pessoas com quem seja mais fácil fazer amizades por meio de similaridades de personalidade. E as possibilidades são infinitas. Tem clube do livro, de vídeo games, RPG, dança, música, poesia, e muitos outros. Quanto mais específico for o grupo, mais interessante ele pode ser.